Não desprezo a minha dor
Ela é prova do meu viver, é consequência do meu Ser
Como o desabrochar de uma manhã
Como fruto das minhas decisões vãs, assim, é minha dor
Como tempestuosa noite escura
Como boato sujo que corre as ruas do qual se esconde suas vitímas
Como madrugada fria num tempo sem cobertor
Como doença sem cura assim é o tempo da dor
Como santos na luxúria
E famintos no deserto
Como um rio sem curso a dor me faz perder o rumo
E se me escondo ela me acha, enquanto mais choro, mais me abraça
Ela que não me larga
Que não me solta e só me amarra
A dor de não continuar
De não poder parar
A dor de me ausentar, de me confundir e me desesperar
A dor de não ter, de não poder sorrir e me surpreender
A dor de ter que trancar, ter que desistir, ter que desprezar
A dor de nao possuir
De esculpir e modelar os meus constantes caminhos
Caminhos de dor, que levam dor
A minha dor.
Jose Porfirio de Queiroz Neto
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